quarta-feira, 30 de maio de 2012

Grevistas invadem Diário do Nordeste


Portaria do DN depredada pelos manifestantes

Por volta das 10h50 da manhã de ontem, trabalhadores da indústria gráfica e da construção civil encontraram-se em frente à sede do Diário do Nordeste. Durante cerca de 30 minutos, o que se ouvia eram vozes do comando grevista, entre elas, a do presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Gráfica, Rogério Andrade, proferindo insultos à categoria jornalística. Depois disso, só o que se escutou foi o estardalhaço de vidro quebrado e gritos de medo e pânico dos funcionários da empresa.
O direito de greve e manifestação, garantidos pela Constituição Federal, se transformaram em pura violência. Além da depredação do prédio do jornal, a apresentadora da TV Diário, Maísa Vasconcelos foi uma das que sofreu violência gratuita praticada pelos grevistas. Ela foi intimidada por um manifestante, que tentou lhe tomar o aparelho celular, com o qual ela filmava a passeata, e ainda foi atingida na cabeça por um capacete.
"Tentou tomar meu celular e me atingiu com um capacete. Trabalhadores sérios perdem com uma ação estúpida dessas. Taí meu brinde. O pior foi ver que o vídeo que gravei mostra claramente o agressor, a violência gratuita", escreveu a apresentadora em seu perfil do Twitter, logo após a agressão.
Sobre a ação, o diretor-editor do jornal, Ildefonso Rodrigues, disse que se percebeu um ato de total afronta e vandalismo. "Não entendemos como um movimento grevista pode agir assim. Temos como provar que houve a participação de ambos os sindicatos, tanto dos gráficos como dos operários da construção civil", afirmou.
Para ele, o que aconteceu foi um abuso, um atentado à liberdade de expressão. "Em um país onde não se pode falar, onde a imprensa é cerceada, não existe democracia. O que nos estranhou foi um movimento de tamanha envergadura e com tamanha agressividade", destacou.
"Invadir um jornal e quebrar toda a recepção deste, e ainda usar a bandeira sindical para isso, realmente, nos causa estranhamento. Nós tivemos três funcionários que entraram em pânico e tiveram que ser atendidos. Nunca em toda a história do Diário do Nordeste isso ocorreu".
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Ceará, (OAB-CE), Valdetário Monteiro, disse que, em situações como esta, tem que haver uma investigação para se apurar onde termina o livre exercício do direito de greve e começa o direito da empresa de funcionar, "a liberdade de imprensa e a vida dos trabalhadores também". "Poderíamos ter tido uma morte. Talvez tenha sido a primeira manifestação no Ceará, nesta nova era, que se tenha constatado tamanha violência", disse.
O assessor jurídico do Grupo Edson Queiroz, Sálvio Carvalho Cavalcante, informou que todas as medidas legais já foram tomadas pela empresa. Três Boletins de Ocorrência foram lavrados na tarde de ontem, dois foram pelos seguranças lesionados e um por depredação do patrimônio da empresa.
"Estamos ajuizando, ainda, duas ações de reparação de danos morais e materiais contra os sindicatos. Há de ser considerada, também, a potencialidade de extensão dos danos, que poderiam ter alcançado terceiros, como assinantes do periódico que estavam no locam no momento da agressão", disse Carvalho.
Sobre os danos materiais, o Grupo solicitou ao juiz um arbitramento à condenação dos danos morais, em valores que sirvam de punição e exemplo, no intuito de repelir esta conduta.
Na noite de ontem, a Perícia Forense do Estado do Ceará esteve na sede do Diário do Nordeste. "Vamos avaliar o que ocorreu aqui e, em seguida, enviaremos para o 4º DP. O laudo deve sair de cinco a dez dias. Logo depois, o delegado instaura o inquérito", afirma o perito criminal Martônio Camelo.

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