Isidro Moraes (ex-superintendente) e Roberto Smith (ex-presidente) |
Em entrevista ao Diário do Nordeste, Moraes disse ter se "desapontado" com o banco e com o governo federal após seu afastamento, anunciado no último mês, no mesmo dia em que houve a renúncia do ex-presidente Jurandir Santiago. Ele também afirmou não ter qualquer responsabilidade sobre as concessões de crédito em operações irregulares que ocorreram quando ele era superintendente estadual.
Na última quinta-feira, o presidente interino do BNB, Paulo Ferraro, afirmou que "quase 100%" das empresas cujas operações com o banco estão sendo investigadas obtiveram empréstimos com valor inferior a R$ 3 milhões - número que, por sua vez, corresponde à alçada da Superintendência Estadual.
Ferraro destacou, porém, que as supostas fraudes ocorreram na etapa de liberação dos créditos - da qual não participam os superintendentes ou diretores. Estes, disse, atuam na aprovação dos financiamentos. Segundo Moraes, é natural que a maioria dos empréstimos analisados tenha esse valor, já que a maior parte dos empréstimos realizados - regulares ou não - possui valor inferior a R$ 3 milhões.
Processo
De acordo com Moraes, antes de o superintendente emitir voto em qualquer operação, a proposta já tem tramitado e recebe parecer favorável das áreas de agência, cadastro, central de retaguarda operacional (CRO) e Central de Apoio Operacional de Fortaleza (Cenop) - responsável pela análise de viabilidade e todos os aspectos da proposta.
Após o voto do superintendente e o deferimento da proposta pelo Comag - Comitê de Avaliação de Crédito na Agência - (44% do montante da operações), salientou, "todas as propostas fraudadas obtiveram 100% de conformidade dada pela Gerência de Controle Interno do Estado do Ceará", a qual, conforme afirmou, não tem nenhuma ligação com a Superintendência Estadual. Ele destacou que o voto eletrônico (por e-mail), e à distância, do superintendente estadual nas propostas de crédito de valor superior a alçada da agência só acontece após a instrução da proposta pela Central de Retaguarda Operacional e a realização e conclusão da análise técnica pela Cenop de Fortaleza, acompanhada do parecer técnico favorável e do voto favorável de todos os membros do Comag da agência acolhedora do pleito, sem indicação de ressalvas que pudessem levantar alguma suspeita.
Moraes frisa que o deferimento das propostas em que foram constadas fraudes totalizaram cerca de R$ 125 milhões - montante distribuído entre Comag - Agência (0,80%), 44% Comag com voto do superintendente estadual (44%), Comac (composto por superintendentes da direção geral) e diretoria (55,2%).
"Fica evidente, então, que o maior percentual do montante desviado não foi de responsabilidade das agências e superintendência estadual", frisou. Ele disse ainda que nenhuma operação de crédito no BNB é aprovada por um único gestor, e sim por um colegiado, composto de no mínimo três e no máximo cinco gestores, dependendo do valor da proposta e do saldo devedor já existente do proponente.
Afastamento
O ex-diretor afirmou que seu afastamento deveu-se ao fato de ele ter sido citado em relatório da Controladoria Geral da União (CGU). Apesar de ter sido citado no relatório, ressaltou não ter participação nas operações investigadas. Moraes foi superintendente estadual do BNB entre 2007 e 2011, quando se tornou diretor de Controle e Risco.
A reportagem questionou, ontem, ao BNB sobre as afirmações, informações e valores fornecidos pelo ex-diretor. Por meio de sua assessoria de imprensa, o banco afirmou que "somente voltará a tratar desse tema após a conclusão das sindicâncias internas".
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