Trabalhadores no RN com baixos salários |
"Tradicionalmente os salários no Rio Grande do Norte ficam abaixo dos de outros estados. Uma das razões para isso é que os pisos de atividades como indústria e serviços estão colados no salário mínimo", analisa o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômiocos (Dieese), Melquisedec Moreira. A alta taxa de rotatividade no mercado de trabalho é, entretanto, a principal responsável por pressionar a remuneração inicial dos trabalhadores, na visão dele.
Um estudo recente do Dieese e do Ministério do Trabalho sobre a rotatividade do mercado de trabalho brasileiro mostra que a taxa no Estado, em 2010, era de 37,1%. Isto é, a cada 100 contratados, 37 eram demitidos. "E são demissões por iniciativa da empresa. Esses trabalhadores saem e retornam à busca por nova vaga. Esse movimento reduz salário", diz Moreira, observando que a rotatividade rebaixa a remuneração porque quem entra no mercado entra com um salário menor do que os que são desligados.
Segundo o Tribuna do Norte, especialistas observam que a alta rotatividade é ruim para o trabalhador e boa para o empregador porque, demitindo o empregado e contratando um outro para a mesma vaga, a empresa aumenta a produtividade e diminui os custos, já que se livra dos encargos sociais altos.
Em março deste ano, a taxa de rotatividade no Rio Grande do Norte chegou a 3,90% - a segunda maior da região. A da Bahia (3,98%) ficou na primeira posição do ranking. Na construção civil, a taxa do Rio Grande do Norte também é a segunda maior nordestina: 7,25%. Perde para a do Piauí, que ficou em 8,33% no período.
O Ministério do Trabalho não analisou os números do levantamento, mas informou, em nota, que o cenário é semelhante ao verificado em 2011. Os números mostram que, apesar de ter registrado o segundo maior crescimento real do Nordeste, de janeiro a março, o Rio Grande do Norte continuou entre os piores do ranking. Na outra ponta, São Paulo (R$ 1.134,90), Rio (R$ 1.119,43) e Distrito Federal (R$ 1.032,80) continuam nas primeiras posições entre os estados.
Saldo de emprego
A geração de empregos segue o mesmo caminho do salário de admissão. No primeiro trimestre do ano, foram admitidos no estado 45.712 trabalhadores e demitidos 47.842, rendendo saldo negativo de 2.130 vagas. A indústria de transformação e a agropecuária foram os setores que mais cortaram postos de trabalho no período.
Na indústria, as demissões ficaram concentradas nas indústria têxtil, de confecções, de alimentos e na química, influenciadas, nestes últimos casos, pela produção de açúcar e álcool.
De janeiro a março, a indústria química dispensou 1.511 trabalhadores no Estado. Já a têxtil e de confecções cortou 854 vagas, e não há previsão de recuperação breve, na avaliação do presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte, Amaro Sales. Na visão dele, o principal gargalo das fábricas, a concorrência com a China, precisa ser combatida, e as recentes medidas do governo federal, para desonerar a folha de pagamento, reduzir tributos e o custo do crédito surtirão pouco efeito no mercado de trabalho do estado. Ele projeta que a construção civil, por outro lado, registrará melhor desempenho estimulada pelas obras relacionadas à Copa de 2014 e à construção de parques eólicos.
Os setores de comércio e serviços também se destacam. Até março, foram os dois juntos os que mais geraram empregos no estado. Apesar de ter desacelerado em relação a 2011, a movimentação de turistas em Natal ajudou a puxar os números para cima, segundo o presidente da Fecomercio RN, Marcelo Queiroz.
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