Passou fevereiro, passou março, veio abril, mas as chuvas não chegaram de vez ao Ceará. Com a estiagem em regiões como Sertão Central e Sertão dos Inhamuns, a perda projetada é de até 45% nas plantações no Estado. De acordo com o secretário do Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins, entre as ações contra a estiagem foi pedida ao Governo Federal a antecipação do Garantia-Safra, para trabalhadores que tiverem perdas superiores a 50%.
Martins explica que a solicitação foi feita no último dia 3 por todos os secretários estaduais de agricultura e desenvolvimento agrário do Nordeste em audiência com o ministro da Agricultura, Pepe Vargas. O benefício de R$680, pago em cinco parcelas, geralmente é repassado em junho aos trabalhadores familiares cadastrados em todo o País.
De acordo com o secretário, os estados ficaram de fazer levantamento da situação nos municípios para levar ao Ministério. Representantes de diversas entidades ligadas à agricultura vão debater a situação no Ceará em reunião na sexta-feira (13) na Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA).
“Vamos discutir um conjunto de propostas para serem encaminhadas ao governador e ao Governo Federal”, aponta o secretário. Segundo ele, entre as medidas previstas estão a agilidade na liberação de empréstimo de US$100 milhões ao Banco Mundial para o Projeto São José III, que envolve ações de convivência com o semiárido.
Entre as ações em execução, o secretário destaca a construção de 80 mil cisternas: 49 mil em construção e o restante com edital pronto para ser publicado. Ainda segundo ele, estão sendo fechado convênio para a construção de 1.500 projetos de abastecimento de água.
Perdas e previsões
O presidente do sindicato dos trabalhadores rurais de Quixadá, Marcelo Lucena, diz que não houve colheita no município. “O milho está quase 100% perdido. Feijão ainda tem, mas é o mínimo”.
Segundo Lucena, o pasto já está quase todo seco e muitos produtores começaram a comprar forragem (alimentação para o gado) de fora.
O meteorologista da Funceme, Namir Mello, diz que um sistema de alta pressão está inibindo a ocorrência das chuvas. “A gente esperava a recuperação das chuvas em março (na segunda quinzena), mas choveu pouco. As condições são para que chova (em abril). Ainda assim, o período chuvoso fica curto”, aponta Mello. Segundo ele, a previsão é de que as chuvas no Ceará fiquem entre normal e abaixo da média, até junho.
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