quarta-feira, 31 de outubro de 2012

FIEC preocupada com os "apagões"

Roberto Macedo, presidente da FIEC
 Apesar de ter elogiado a iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em realizar um estudo apontando os principais problemas de infraestrutura do Nordeste - antecipado, ontem, com exclusividade, pelo Diário do Nordeste - o presidente da Fiec (Federação das Indústrias do Ceará), Roberto Macêdo, lamentou que a pesquisa não abordasse a questão da energia elétrica, que é, segundo ele, "um verdadeiro drama a ser enfrentado na Região".
Para ele, o sistema interligado de distribuição de energia elétrica em todo o País causa uma insegurança "sem limites" para o setor industrial.
Informou ainda que esteve reunido com os representantes do setor têxtil do Ceará para discutir os efeitos dos dois últimos apagões que atingiram a região no curto prazo de 35 dias.
"Temos que lembrar que a produção é ininterrupta e que os apagões provocaram quebra dos sistemas eletrônicos das máquinas que são muito sensíveis. A arrebentação das linhas, a interrupção na produção das peças, etc", criticou.

Transporte
Para enfrentar o problema emergencial do transporte, principalmente do de cargas no Nordeste, o estudo propõe a criação de uma força tarefa entre sociedade civil, setor produtivo e governos estaduais e federal para garantir os investimentos necessários. Ainda de acordo com a pesquisa, o Nordeste é responsável por 13,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e precisa investir R$ 25,8 bilhões em infraestrutura nos próximos oito anos para garantir o escoamento da sua produção.
Robson Braga de Andrade, que apresentou o documento, explicou que esse valor é necessário para tocar os 83 projetos de ampliação e modernização de rodovias, ferrovias, hidrovias e portos em Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. No Ceará as prioridades são os portos do Mucuripe e do Pecém. Roberto Macêdo defende ainda a criação de um aeroporto de cargas para o Estado, já que atualmente aviões de grande porte não têm como decolar do Aeroporto de Fortaleza. "Além disso, situação precária das rodovias federais encarece ainda mais o Custo Ceará".

PlanejamentoCom o Nordeste Competitivo, a CNI pretende ajudar o governo a planejar no médio e longo prazo a infraestrutura de transporte e logística para integrar os estados da região. "A baixa eficiência de transporte de cargas compromete o esforço de adequação do setor produtivo aos padrões de competição e qualidade internacionais. Os custos de transporte são, em média, bastante superiores aos do mercado internacional", afirmou Robson Braga de Andrade. "O nosso objetivo é aumentar a eficiência do transporte de cargas no Brasil. Planejar é se preparar para o futuro e o Nordeste precisa de obras urgentes", completou. De acordo com a CNI, o setor produtivo quer contribuir com um volume maior de investimentos. Atualmente, 15,7% dos projetos que estão em estudo ou em andamento na região Nordeste contam com a participação da iniciativa privada. Aumentar esse volume é necessário para alavancar a competitividade da indústria nacional, explicou Braga. A CNI já divulgou os estudos Norte Competitivo e Sul Competitivo.

Prioridades
As ferrovias e os portos são os que mais precisam de investimentos. Juntas, as duas malhas vão demandar 90% dos R$ 25,8 bilhões. Outros 9% devem ser investidos nas rodovias e 1% nas hidrovias.
Robson Braga explicou que o retorno do investimento total poderia se dar em pouco mais de quatro anos com a economia de gastos logísticos. Atualmente a região gasta em torno de R$ 30,2 bilhões com transportes, incluindo custos com frete interno, pedágios, transbordo e de terminais, tarifas portuárias e frete marítimo. Mas, no longo prazo, o Nordeste demanda investimentos mais robustos. A análise é de que para solucionar os problemas de logística totais da região seriam necessários R$ 71 bilhões para 196 projetos.
Para aumentar a competitividade da região, é preciso investir, segundo o estudo da CNI, R$ 12 bilhões nas ferrovias e R$ 11 bilhões nos portos da região. Ainda de acordo com o documento, em relação às rodovias que cruzam a região, três já apresentam gargalos atualmente. A utilização delas pelos carros e caminhões de carga ultrapassa em até 65% a capacidade de peso que suportam em um determinado período, o que reduz a velocidade dos veículos e gera congestionamentos. Uma simulação do crescimento da produção até 2020 mostra que, se nenhum investimento for feito nos próximos oito anos, nove rodovias estarão sendo utilizadas acima do que suas capacidades permitem. Desses nove gargalos, dois estarão em estado crítico, ultrapassando em até 151% a capacidade permitida.

por Anne Furtao

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