Rio+20 começa hoje |
Aumento de emissões de gases causadores de efeito estufa, acúmulo de
resíduos, diminuição rápida das reservas pesqueiras, ameaças à biodiversidade e
falta de água potável para milhões de pessoas. Estes e outros pontos estarão no
centro do debate mundial sobre sustentabilidade, que acontece de hoje a 23 de
junho, no Rio de Janeiro - a chamada Rio+20.
Na reta final do encontro, 130 chefes de Estado e de governo estarão
presentes. Até lá, será realizada a Cúpula dos Povos. Será quando dezenas de
milhares de membros de ONGs, industriais, militantes e representantes de povos
indígenas discutirão, sem as amarras da geopolítica mundial, a agenda
eco-global. Esta será a quarta cúpula de desenvolvimento sustentável da
história, depois das de Estocolmo em 1972, do Rio de Janeiro em 1992 e de
Johannesburgo em 2002.
Os debates se concentrarão na “economia verde” - energias renováveis,
separação de resíduos, construções produtoras de energia -, no reforço de
instâncias mundiais de decisão e no eventual estabelecimento de “metas de
desenvolvimento sustentável” mensuráveis e ambiciosas. “Um verdadeiro programa
de resgate mundial”, resumiu o encarregado de uma ONG. “Não há espaço para
dúvida” nem para “a paralisia da indecisão”, disse Achim Steiner, diretor-geral
do Pnuma.
Mas a desconfiança impera. Nas negociações informais sobre o acordo que
os participantes deverão assinar em 22 de junho, cada país e cada grupo de
interesse defendeu suas posições com veemência. Ao encerrar a última rodada, em
2 de junho, os delegados só tinham alcançado acordos sobre 70 dos 329 pontos de
discussão (21% do total). E a maioria versava sobre generalidades certamente
consensuais.
As divergências continuaram vivas, no entanto, sobre assuntos
essenciais, como mudanças climáticas, oceanos, alimentação e agricultura, assim
como na definição de metas, transferências de tecnologia e economia verde.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu na semana passada que os
governos mostrassem mais flexibilidade, ao indicar que os problemas do futuro
do planeta “devem se antepor aos interesses nacionais ou aos interesses de
grupos”.
Para o diretor-geral da ONG Fundo Mundial para a Natureza (World Wild
Fund, em inglês), Jim Leape, “há dois cenários possíveis: um acordo tão
limitado que careceria de sentido ou um fracasso total”. Muitos participantes
lembram com nostalgia do entusiasmo gerado pela Cúpula da Terra de duas décadas
atrás e que hoje parece difícil ressuscitar.
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