Caixa eletrônico do BB de Banabuiú após explosão |
O Sertão Central, onde o município está localizado, é a região
cearense com o maior percentual de ações contra instituições financeiras depois
da Grande Fortaleza. Dos 143 ataques registrados de janeiro de 2007 a junho
deste ano no Ceará, 26 (18,18%) foram na região.
O Sertão dos Inhamuns aparece em terceiro lugar por ter 12,58% das
ocorrências dos últimos cinco anos e meio. O ranking completa-se com a região
do Cariri/Centro Sul (10,48%), Litoral Leste (7,69%), Litoral Oeste (também
7,69%), Baturité (6,99%) e Sobral/Ibiapaba (6,29%).
Fortaleza e seus 12 municípios do entorno (Região Metropolitana)
registraram o maior índice de casos: 29,37%. Das 184 cidades do Ceará, 72
(39,13%) foram palco de ataques bancários desde 2007. O levantamento foi feito
pelo O POVO (conheça a metodologia no quadro Saiba Mais).
A estatística do Sertão Central desafia teses do sistema de segurança
pública e de estudiosos do tema. Ambos indicam regiões fronteiriças como mais
propícias a esse tipo de ocorrência pelo fato de exigirem operações integradas
das polícias para evitar o fluxo interestadual de quadrilhas especializadas.
“Existe um contexto que permite a mobilidade desses grupos, a começar
pelo fato de as ações (de prevenção e repressão dos governos) serem locais e a
atuação deles ser nacional. É preciso melhor comunicação entre as cidades e
entre as polícias”, pontua a doutora em Antropologia Social e coordenadora
científica do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal
do Ceará (UFC), Jânia Perla Aquino.
Dos 72 municípios cearenses atacados desde 2007, apenas 11 (15,27%)
fazem divisa com Piauí (7), Rio Grande do Norte (3), Paraíba (1) e Pernambuco
(0). Destaque para os limites territoriais pernambucanos, muitas vezes
apontados como perigosos devido ao Polígono da Maconha, região onde há
plantações da erva e, diz-se, é usada como escape por bandidos.
Autora do livro Príncipes e castelos de areia: performance e
liminaridade no universo dos grandes roubos, Jânia Perla ressalta a
descentralização do desenvolvimento, anos atrás restrito apenas a grandes
cidades, como uma das justificativas para o Sertão Central concentrar tamanha
proporção de casos.
A franca ascensão econômica de municípios interioranos e a vasta
capilaridade do sistema bancário tornam-se atrativos à organização de ataques.
“Há, sim, uma displicência da polícia (no combate ao crime), mas é preciso
admitir que se trata de um trabalho difícil. Vive-se um momento crítico em
termos de dar resposta (à população e às quadrilhas) sobre a eficácia em evitar
esse tipo de ocorrência. E as quadrilhas agem conforme essa resposta e seguindo
o fluxo do dinheiro”, avalia a pesquisadora.
Em nota, Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informa que,
anualmente, as instituições financeiras investem cerca de R$ 10 bilhões em
segurança. “Montante três vezes superior ao valor do início da década. Esses
investimentos crescentes, aliados a uma série de medidas preventivas,
produziram uma redução expressiva dos assaltos no Brasil nesta década, da ordem
de 82%”, diz o documento.
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